quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Depressão


Definição clássica de depressão

A medicina descreve a depressão como “uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente...”.

E nós espíritas, como entendemos a depressão?

Levando-se em consideração que não somos apenas quem está encarnado, mas também o conjunto de entidades que já vivemos em outras existências, que relacionamo-nos e comprometemo-nos com outras criaturas, que aprendemos, acertamos e erramos, o panorama do ser humano fica mais complexo, mas oferece oportunidade clara para a identificação da origem do problema e talvez a sua solução. Simplificando, poderíamos dizer que “a depressão configura-se quando o espírito, que é o conjunto de entidades existente numa pessoa, é constrangido a aceitar algo que não deseja”. Analisaremos, em nossa visão, alguns casos conhecidos de depressão.

Depressões com origem na atual encarnação

Geralmente são oriundas de perdas, quando enfrentamos quadros de falecimento de um ente querido, de separação da pessoa amada, perda de emprego, descoberta de doenças graves, etc., e temos dificuldades em aceitar. Nesses casos, os antidepressivos têm um papel importante, ajudando o paciente a reunir forças no enfrentamento da situação, até que recomponha sua estrutura psíquica e aceite o novo quadro que a vida lhe impõe. Em geral, em algumas semanas ou poucos meses o problema é esquecido e a vida toma seu curso natural.

Depressões com origem em encarnações anteriores

Os casos mais graves de depressão têm origem em vidas passadas, há décadas, séculos e às vezes até há milênios. São embates de almas que ainda não encontraram a paz, quando seus pensamentos continuam com reflexos desses tempos. O auxílio providencial promove o encontro desses espíritos na encarnação ou quando um ou mais encarnarem, um fato, um evento, um sentimento especial pode acender o estopim que trará os desafetos que ainda encontram-se na erraticidade(1), iniciando a coerção mental. Se a pessoa encarnada tem mediunidade poderá apresentar comportamento esquizofrênico, entre outros.

Depressão pós-parto

A medicina diz que ”o pós-parto é um período de risco psiquiátrico aumentado no ciclo de vida da mulher. A depressão pós-parto, também conhecida como postpartum blues, pode se manifestar com intensidade variável, tornando-se um fator que dificulta o estabelecimento de um vínculo afetivo seguro entre mãe e filho, podendo interferir nas futuras relações interpessoais estabelecidas pela criança”.

Nos dias atuais é comum encontrarmos famílias em que os pais recebem como filhos os desafetos do pretérito. Em geral, são espíritos que comprometeram-se mutuamente, e encontram no cadinho familiar a oportunidade de redenção, transmutando o ódio do passado em amor, submetendo-se a encarnações em que, sem defesa, entregam-se às mãos daqueles a quem fizeram sofrer. É comum em algumas famílias, o pai ou a mãe, embora não o admitam publicamente, nutrirem maior atenção e carinho a um filho em detrimento do outro.

Apresentamos dois casos interessantes, que configuram bem essa situação:

Caso 1 - Ocorrido em 2001

Fomos procurados por uma jovem senhora recém chegada à Doutrina Espírita, preocupada com sua própria postura perante a filha de 11 anos. Ela contou-nos que o marido era operário de uma fábrica e que o ajudava nas despesas domésticas trabalhando como manicura num salão de beleza próximo da sua residência. Os cuidados da casa e do filho mais novo, de 2 anos, ficava ao encargo da filha que, embora muito jovem, correspondia com a tarefa. Mesmo com seu reconhecimento da responsabilidade que pesava sobre sua pequena menina, por qualquer motivo, ela batia na filha e colocava-a de castigo. Dizia que a agressividade era algo compulsiva, principalmente quando o marido estava em casa. Entendia que havia algo errado, mas não conseguia conter seu ímpeto.

Numa reunião de trabalho mediúnico, nosso amigo espiritual contou-nos que em outra encarnação, ela e o marido também foram casados e que a filha de hoje, fora amante do esposo, levando-o ao abandono do lar. Os arquitetos espirituais promoveram o reencontro dessas almas no lar, dissolvendo os grilhões da dor em elos perenes de amor.

Face ao panorama do passado, essa mãe procurou entender seu relacionamento com a filha, que com o tempo conquistou-a como amiga.


Caso 2 – Ocorrido em 2009

Em meados de 2009, uma das psicólogas do hospital procurou-me dizendo que uma de suas pacientes buscava ajuda espiritual. Disse que ela vivia sob depressão há 28 anos e que acreditava que nossa casa poderia ajudá-la.

Marcamos uma entrevista fraterna.

Há pacientes que são bem práticos e objetivos, explanando seu panorama de dor em poucos minutos, facilitando a brevidade da ação de socorro. Outros, preferem descrever toda sua história detalhadamente, procurando quase reviver cada momento. Essas pessoas potencializam suas dores, revivendo a cada narrativa os tropeços do passado, amargurando seus corações a cada lembrança, a cada sentimento despertado. Assim era nossa irmã.

Depois de três entrevistas, conseguimos traçar um quadro do seu problema que resumidamente descrevemos a seguir.

Fátima, nome fictício, foi casada com o amor da sua vida. Homem de princípios, mas infelizmente um alcoólatra. Suas filhas, ainda pequenas, choravam ao ver o pai chegar embriagado, arrastado, ou encontrado caído pelas calçadas. Decidiu dar-lhe um tratamento de choque e lutando contra seu próprio sentimento, tomou a resolução de separar-se, poupando as filhas, na esperança dele, que também a amava, abandonar a bebida em favor da família. Mas não foi o que aconteceu. Após o abandono, entregou-se ainda mais ao álcool, denunciando a fraqueza do seu caráter.

Após quatro meses de separação, encontrou uma antiga vizinha, que estava organizando uma festa em comemoração das suas bodas de prata. Embora convidada, relutou em aceitar o convite, porque o filho dessa vizinha, que sempre a cortejou, poderia se aproveitar da sua fase de solidão e carência. Mas acreditando ser dona de sua vontade, foi à festa. Lá encontrou o tal rapaz, que dedicou toda sua atenção, procurando ser companhia agradável, sem se pronunciar em tentativa de aproximação, agindo apenas como amigo atencioso.

Ao final da festa, com a saída dos convidados, sob efeito dos vapores do álcool, numa situação inesperada, aproveitaram a solidão de um ambiente reservado da casa e entregam-se a volúpia de um relacionamento incontrolado.

Após o ato, sem que soubessem o que os tivesse levado a tal situação, o rapaz pediu desculpas pela sua atitude e ela, retirou-se, profundamente envergonhada. A final, não foi um ato de amor, antes, apenas um ato sexual sem controle.

Passadas algumas semanas, descobriu estar grávida. A notícia chegou ao seu marido que, em desespero, atirou-se à frente de um automóvel, encontrando a morte imediata.

Fátima levou a gestação de forma angustiosa. Embora fosse contrária ao aborto delituoso, desejava um aborto espontâneo, encerrando a situação desconfortável de perseguição familiar, em especial da sua mãe, que não aceitou a gravidez, exigindo que se retirasse da casa. Seu pai, amigo inseparável, abrigou-a em outra residência, custeando as despesas da família bem como as do parto do filho indesejado.

Com o nascimento do filho, veio a depressão. A criança mostrou-se inteligente e de boa saúde, mas com extrema dificuldade de relacionar-se com a mãe. Hoje ele tem 28 anos, exatamente o tempo da sua depressão.

O marido suicida foi amparado na primeira reunião de desobsessão em nossa casa, desfazendo-se as vibrações de amor e ódio que ainda o embalavam. Durante o trabalho, nosso benfeitor espiritual disse que o relacionamento que gerou seu filho, foi patrocinado por um espírito cobrador do passado, que desejava colocá-la em condição moral desconfortante, numa época em que gravidez fora do casamento, levava ao banimento da família, resultando na maioria dos casos, em prostituição, quando a mulher não conseguia meios de sustentar-se, vendo-se obrigada a aceitar as propostas dos exploradores dessas almas perdidas.

O que o obsessor não imaginava é que ele mesmo seria atraído ao ventre daquela que viria a ser sua mãe, cumprindo as determinações divinas de transmutação do ódio doentio em amor restaurador.

A partir desse dia, nossa amiga que vivia há 28 anos em depressão, começou vida nova, sorrindo, buscando grupos de relacionamento, vestindo-se e se apresentando melhor.

Deus, na sua infinita bondade, permite que espíritos rotos pela dor, encontrem a restauração no cadinho familiar, regenerando relacionamentos conflituosos do pretérito.

Qual a causa da depressão pós-parto?

A depressão pós-parto configura-se quando a mãe recebe como filho, um espírito inimigo do passado. Por essa razão há tantas mães entregando seus filhos recém-nascidos em favor de terceiros, ou abandonando-os em lugares ermos.

Depressão pode não ser tão simples

O drama das obsessões não se encerra com essa simples análise. O problema é complexo e há componentes variados, em geral do passado, que contribui para o estado patológico da criatura.
Como caminho restaurador, lembremo-nos de Jesus, que nos ensinou a amar o próximo esquecendo nossas dores. O trabalho no bem é indicação restauradora, pois melhorando-nos, melhoramos as nossas companhias espirituais. Não poderíamos deixar de indicar a leitura do Evangelho com freqüência semanal, no mesmo dia e hora, a fim de contar com os companheiros mais adiantados do mundo de lá.

(1) Erraticidade – Termo usado para definir a condição do Espírito que está desencarnado e que ainda não chegou ao estado de perfeição, ou seja, que ainda tem que encarnar-se.

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